O bom e velho mais-do-mesmo marcou presença ontem (quinta-feira, 30) na estreia de Doce de Mãe, nova sitcom da Globo. O programa estrelado por Fernanda Montenegro é baseado no especial homônimo de fim de na,o exibido pela emissora em dezembro de 2012, e que inclusive garantiu a Fernanda o prêmio Emmy de Melhor Atriz por seu desempenho na ocasião.
A história gira em torno da relação de Dona Picucha (Fernanda Montenegro) com seus quatro filhos – Sílvio (Marco Ricca), Elaine (Louise Cardoso), Fernando (Matheus Nachtergaele) e Susana (Mariana Lima) – a partir do momento em que estes se perguntam o que fazer com a mãe, que, sendo já de idade e um pouco abilolada, ainda mora sozinha. Esse é o gancho para a retratação bem-humorada de episódios corriqueiros da vida familiar.
Verdade seja dita, em seu primeiro episódio Doce de Mãe não primou pela originalidade. O roteiro guarda lá suas surpresas e sua graça, mas é no geral óbvio e morno. Uma típica comédia de fim de noite, que ora enternece, ora faz rir, ora provoca identificação na plateia – e só. Outra falha foi a ausência de uma apresentação de personagens mais completa. Quem não viu ou não se lembra do episódio-piloto exibido há mais de um ano, com certeza penou para entender alguns detalhes importantes da história, como o parentesco de Jesus (Daniel de Oliveira) com Picucha e os demais personagens.
O padrão Globo de qualidade é reproduzido intacto nessa produção, sobretudo no que diz respeito à cenografia, de acabamento impecável. Dentre os atores do elenco, o “primeiro pedaço do bolo” vai para Fernanda Montenegro, cujo talento e brilho em cena dispensa comentários. O quarteto que vive os filhos de Picucha também se vê muito à vontade e afinado em seus papéis, com destaque para Matheus Nachtergaele, que interpreta um gay levemente estereotipado sem flertar com o exagero. E, claro, nada melhor do que ver novamente a deliciosa Drica Moraes esbanjando carisma na telinha – este é apenas o seu segundo papel após um período de ausência para se tratar de leucemia, o anterior fora a Nieta de Guerra dos Sexos (2012).
Doce de Mãe não é propriamente o programa-estouro que talvez muitos estivessem esperando, mas chega como uma opção leve, agradável e divertida para preencher os fins de noite da Globo, do tipo ideal para se assistir em família. Um substituto à altura para a icônica A Grande Família, que deve deixar este ano a grade da emissora.
(Felipe Brandão)